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| José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. |
| Foto: Reprodução BV |
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| Anatole France |
Estomagado com a frieza de sentimentos que percebia à sua volta, partindo de corações nos quais deveria habitar a concórdia, Anatole escreveu que “a paz universal se realizará um dia, não porque os homens se tornarão melhores (não é permitido esperá-lo), mas porque uma nova ordem de coisas, uma ciência nova, novas necessidades econômicas hão de impor-lhes o estado pacífico, assim como outrora as próprias condições da sua existência os punham e os mantinham no estado de guerra”.
Meu caro Jacques-Anatole-François Thibault (seu verdadeiro nome), com a sua consistente formação humanista — afastados, por sua conhecida veia poética, os desgostos que lhe causaram as observações de uma coletividade a gravitar em torno de exasperante egolatria —, seu brilhante espírito imortal haverá de entender que, para não se transformar em tormento perene dos povos, o mundo precisa de consciências dedicadas à paz. Portanto, de almas iluminadas pela razão, pela justiça, e também pelo Amor, que é sinônimo de Caridade, de modo que exista uma “nova ordem de coisas, numa ciência nova”, para que “a paz universal” venha a se realizar “um dia”.
A análise limitada dos fatos humanos, políticos e sociais pela restrita visão de espaço-tempo terreno tende a mostrar, mesmo às mais sagazes cerebrações, perspectiva desfocada, consequentemente desalentadora, dos acontecimentos. Há algo mais, porém, a começar pela vigência da lei universal chamada causa e efeito, que dirige os destinos da Terra. Daí faz-se tão importante a compreensão desses estatutos divinos, os quais, levando em conta nosso direito ao livre-arbítrio, concedem a cada um de acordo com o próprio merecimento, segundo a lei da reencarnação — definida por um respeitado sacerdote como “o Judiciário de Deus”. Sem a evolução do sentimento humano, toda e qualquer proposta de paz fomentará, com certeza, o ceticismo de homens inteligentes como você.
| Foto: Arquivo BV |
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| Santo Agostinho |
William Ralph Inge (1860-1954) declarou que “não adianta os cordeiros proclamarem o vegetarianismo enquanto o lobo mantém opinião diversa”. No entanto, não podemos prosseguir continuamente temendo essa expectativa castradora de novos empreendimentos, porque o tempo urge. Ainda existe quem queira tocar fogo no planeta, tal nova Roma, como se outros Neros (37-68 d.C.) surgissem. Para avançar, é preciso não temer o lobo, mas revestir-se das armas da paciência, da determinação e fortalecer, nas horas de perigo, a alma, como, por exemplo, nesta súplica de Santo Agostinho (354-430), tão apropriada para a ambiência do Natal de Jesus que se aproxima: “Ó Deus! Permiti que o resplendor da Vossa Luminosidade clareie os recônditos do meu coração” (...). Orar concede tranquilidade e força ao espírito. Aclara a mente, de modo que conceba processos espirituais pragmáticos para que toda dificuldade seja suplantada. Que assim seja!



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