Paiva Netto escreve: Altruísmo — uma revolução Artigo publicado nos jornais de Brasília e A Tribuna, edições 10 e 13 de fevereiro de 2015.
José de Paiva Netto*
Peço licença para compartilhar com os distintos leitores algumas linhas inspiradas no esforço de Boa Vontade.
De meu ensaio literário Sociologia do Universo, consoante
nossa crença no valor do altruísmo, ressalto que não é por acreditarmos
nele, inclusive na área dos negócios, que devamos ser considerados
tolos. Temos consciência plena dos estorvos, até mesmo nos campos
econômico e social, a exemplo da tragédia da corrupção, que qualquer
comunidade ou país precisa corajosamente enfrentar e vencer. Ao
propormos, há décadas, a Economia da Solidariedade Espiritual e Humana
como Estratégia de Sobrevivência, tomamos parte na rigorosa torcida dos
que desejam ver corrigidos os muitos senões que prejudicam a sociedade.
José Ortega y Gasset (Reprodução LBV)
Um dos mais expressivos filósofos espanhóis, José Ortega y Gasset (1883-1955) vem ao encontro desse antigo preceito ao afirmar: “Estado
e projeto de vida, programa de ação ou conduta humanos são termos
inseparáveis. As diferentes classes de Estado nascem das maneiras
segundo as quais o grupo empreendedor estabeleça a colaboração com os
outros”.
Quando mais o ameaça a violência, o desenvolvimento de um povo não
pode prescindir do espírito filantrópico, portanto, humanitário, aliado
ao de íntegra justiça e competente gestão. Os persas, que seguiam a
doutrina de Zaratustra (c. 660-583 a.C.), ensinavam: “Aquele que é indiferente ao bem-estar dos outros não merece ser chamado homem”. Deng Xiaoping (1904-1997), que iniciou no século 20
uma série de profundas reformas na China, observou o que não se deve
fazer ao trabalharmos pela concórdia: “Há pessoas que criticam os outros para ganhar fama, pisando os ombros alheios para ascender a posições-chave”.
Por tudo isso, o que justamente sugerimos, alicerçados em Jesus,
é a Economia da Solidariedade Espiritual e Humana, que vai além do que
inspirou a economia solidária estudada pelo ilustre sociólogo Émile Durkheim (1858-1917). Basta lembrar que o Divino Mestre, como o chamava Francisco de Assis (1182-1226), advertiu: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles, porque esta é a Lei e os Profetas (Evangelho, segundo Mateus, 7:12)”.
A Economia que preconizamos é holística, porquanto nos convida a
vislumbrar a nossa verdadeira origem, a espiritual. Somente assim haverá
a humanização e a espiritualização do Estado, a começar pela própria
criatura, ou seja, sob o banho lustral da Caridade Ecumênica, que não
faz acepção de pessoas, pois considera que — acima de etnia, crença,
descrença, visão política, orientação sexual, idade — estamos diante de
seres terrenos e espirituais, que suplicam socorro e compreensão (...).
Sorridente, o ex-presidente
da África do Sul, Nelson Mandela.
Bem a propósito, declarou o heroico Nelson Mandela (1918-2013): “A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta”.
As louváveis iniciativas do Terceiro Setor, quando adequadamente
empregadas, são parte indispensável do bom desenvolvimento das
comunidades. Assim exercemos, por exemplo, uma excelente prática social e
da Cidadania, que deve ser mais bem compreendida por todos.
Daí, ao falarmos em Amor fraterno e Universal, absolutamente não nos
queremos situar no reino nefelibático. Temos, contudo, certeza de que o
sentimento bom, de generosidade, é fator primordial para uma civilização
em que o Espírito Eterno do ser humano seja o fulcro. Sobre essa
inteligência espiritual, firma-se a revolução que ainda urge ser
concluída, aquela que se realiza na Alma das criaturas e por intermédio
delas se perpetua. E aí entra a educação eficiente; mais que isso, a
reeducação eficaz. E tal é imprescindível, na consolidação da cidadania
plena, para o perfeito exercício da autoridade.
DivulgaçãoBetinho
Lição do saudoso sociólogo Herbert de Souza (1935-1997), o Betinho, que devemos recordar: “A
partir da ética é possível formular os cinco princípios concretos da
democracia: igualdade, liberdade, diversidade, participação e
solidariedade — existindo simultaneamente”.
Bem merecido e exato foi o prêmio cultural que recebeu no fim de
1996, do Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi da
LBV, em Brasília/DF: a Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, na
categoria “Solidariedade”. Como escrevi no artigo “Um cidadão chamado
Solidariedade”: A luta contra a fome, da qual Betinho se tornou poderoso
aríete, naturalmente reclama constantes investidas. (...)
Arquivo BVConfúcio
Portanto, coloquemos sempre um pouco de
misericórdia, somada ao justo bom senso, no nosso olhar, nas atitudes
para com o próximo, conhecido ou não; na interação com o vizinho, seja
ele indivíduo ou país. A tão sonhada Paz pode vir também desse
entendimento.
É indispensável, porém, jamais nos esquecermos desta eloquente reflexão de Confúcio (551-479 a.C.): “Paga-se a bondade com a bondade, e o mal com a justiça”.
*José de Paiva Netto, escritor, jornalista,
radialista, compositor e poeta. É diretor- presidente da Legião da Boa
Vontade (LBV). Membro efetivo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
e da Associação Brasileira de Imprensa Internacional (ABI-Inter), é
filiado à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), à International
Federation of Journalists (IFJ), ao Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Escritores
do Rio de Janeiro, ao Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro e à
União Brasileira de Compositores (UBC). Integra também a Academia de
Letras do Brasil Central. É autor de referência internacional na defesa
dos direitos humanos e na conceituação da causa da Cidadania e da
Espiritualidade Ecumênicas, que, segundo ele, constituem "o berço
dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do
raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que
transcende ao campo comum da matéria e provém da sensibilidade humana
sublimada, a exemplo da Verdade, da Justiça, da Misericórdia, da Ética,
da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno".
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