Numa
homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, e
à lembrança do valente Zumbi, publico trecho de um artigo que preparei para a
Folha de S.Paulo em 15 de maio de 1988. Nele enfatizo a necessária prática do
Ecumenismo entre as mais variadas etnias:
Zumbi deu o
brado que nenhum Domingos Jorge Velho poderia abafar: Liberdade! Dignidade!
Somos seres humanos!
Morreu-lhe o
corpo. Mas a Alma — quem conseguirá matá-la? — permanece... e se multiplica nas
palavras e atos de um Patrocínio, Joaquim Serra, Luís Gama, Salvador de
Mendonça, André Rebouças, Castro Alves, Joaquim Nabuco e de tantos outros
negros, brancos e mestiços. Se ainda não há democracia étnica dentro de nossas
fronteiras — embora o Brasil seja nação de etnias mescladas, para cuja sobrevivência
é essencial estar plenamente legitimada e vivida a sua brilhante mestiçagem —,
é porque o espírito de senzala continua grassando. Contudo, é justamente na
natureza miscigenada que consiste a sua força. O Brasil é uma grei
globalizante.
Ideal
Ecumênico
Em É Urgente
Reeducar!, campeão de vendas da 21a Bienal Internacional do Livro de São Paulo
e destaque na 56a Feira do Livro de Porto Alegre, ambas em 2010, fiz constar
extrato de minha publicação Paz para o Milênio, editada para a Conferência de
Cúpula da Paz Mundial para o Milênio, realizada em 2000, na sede da ONU em Nova
York, EUA. Ali defendo a posição de que todas as animosidades que costumam
dividir, segregar os seres humanos em grupos intolerantes, se opõem ao Ideal
Ecumênico. Assim sendo, promovem a intransigência, contribuem para a manutenção
desse estado de tensões múltiplas que poderão empurrar o mundo na direção de um
conflito indescritível que ninguém, em sã consciência, pode desejar.
Vemos o
Ecumenismo Irrestrito (entre os mais diversos ramos do saber humano) e o Total
(que abrange as esferas espirituais, ainda invisíveis aos nossos parcos
sentidos físicos) como expressões máximas do Amor e da Justiça, o eixo de
gravidade de uma sociedade sadia. É o estado natural e o querer espontâneo de
toda criatura quando espiritualmente integrada ao Criador, ou ao verdadeiro
sentido de humanidade, e bandeira dos que, religiosos ou não, labutam por uma
convivência planetária melhor. O Ecumenismo proposto pela Religião de Deus, do
Cristo e do Espírito Santo não impõe nada a ninguém, a não ser suscitar o
convite para o entendimento natural entre gente civilizada.
Campo Neutro
Quando o
jornalista, radialista e poeta Alziro Zarur (1914-1979) esboçou em sua mente a
criação da LBV — Legião da Boa Vontade, isto em 1926, idealizou-a como um campo
neutro, um ambiente ecumênico, em que todos pudessem, irmanados, conviver em
Paz. Numa palestra que proferi na década de 1990, utilizei-me de um
interlocutor fictício para reforçar na mente dos que me prestigiavam com sua
atenção o valor do respeito e da tolerância no bem conduzir da sociedade no
cotidiano:
Qual a sua
religião? O que isso interessa?
Qual o seu
partido político? O que isso interessa?
Ah, você é
negro! O que isso interessa?
Você é mestiço!
O que isso interessa?
Você é
branco! O que isso interessa?
Você é ser
humano! É isso que interessa!
Somos seres
humanos, com direito à liberdade de pensamento. Se aqueles que raciocinam assim
como nós não fortalecerem os seus laços, dias piores virão para a Humanidade.
Quem tem segurança hoje? Retomo aqui importante conclusão do velho Zarur, muito
propícia para o momento em que vivemos: “Não há segurança fora de Deus”.
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Conheça outros artigos do jornalista,
radialista e escritor Paiva Netto em www.paivanetto.com
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