O sentimento de amizade verdadeira, firmada na labuta
diária, é fator significativo no fortalecimento das relações, para a superação
dos dissabores, não somente no âmbito familiar, também no coletivo.
No Apocalipse de Jesus, 1:9, João Evangelista revela — por
causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo — a sua condição de
“companheiro na tribulação, no reino e na perseverança”.
Há quem, ao interpretar o Livro das Profecias Finais,
restrinja a sua mensagem à época do cruel Domiciano (51-96) e de outros
inconsequentes que dirigiam o Império Romano. Contudo, o Apocalipse do Cristo
Ecumênico, o Estadista Celeste, é uma obra para as gerações. Nas várias
oportunidades em que reencarnamos na Terra, o Divino Mestre é companheiro
nosso, ajudando-nos a vencer as piores provações, até que mereçamos não mais
por aqui penar.
O mal na vida é restrito, ainda que muitos pensem o contrário,
porque não se atrevem a ver além do horizonte material: existe algo mais do que
eles teimam em não investigar, pois foge aos parâmetros na atualidade admitidos
pela ciência convencional. Serão, porém, amanhã os mesmos? É evidente que o
dogmatismo científico é o pior de todos. Todavia, a amizade, a fraternidade, a
concórdia não sofrem restrição alguma da parte de Deus. Portanto, esse espírito
solidário, que o Apocalipse projetou sobre as eras, não pode ficar jugulado a
uma jornada física. (...). O último livro da Bíblia não é o reino do pavor. Ele
nos fala de companheirismo diante das tribulações causadas pelos nossos
equívocos planetários. Eis a Mão Divina semeando excelente virtude, onde o ser
humano prefere perder-se. Trata-se de uma norma do governo de Jesus.
A amizade é por demais importante para a sobrevivência dos
povos. O notável poeta Alziro Zarur (1914-1979) retrata esse fato no seu
magnífico
Poema da Amizade
“Eu tenho, neste espírito de velho
“Que não compreende a vida em solidão,
“Meu particularíssimo Evangelho:
“Amizade é a minha religião.
“Nem só de feras se compõe o mundo,
“Como proclamam todos os egoístas:
“Basta verificar o amor profundo
“Que transborda nas almas dos altruístas.
“Que amizade se mostra é no perigo,
“No luto, na ruína e no sofrer:
“Porque, afinal, é fácil ser amigo
“Nas horas deliciosas de prazer.
“Estas não são teorias de um abstêmio,
“Mas de homem que enxergou, em plena vida,
“A falência do espírito boêmio
“Que se compraz na vocação suicida.
“Não sei se fui bem claro: o que ajuízo
“É que, em geral, artistas orgulhosos –
“Prosadores ou poetas geniosos –
“Fazem da sociedade um falso juízo.
“Na torre de marfim dos seus complexos,
“Que eles supõem de superioridade,
“Isolam-se de toda a Humanidade,
“Evitam dos humildes os amplexos.
“Quem pode ser amado sem amar?
“O que esses super-homens não entendem
“É que, com tanto egoísmo, eles pretendem
“A toda a massa humana desprezar.
“Não, talentosos luminares e astros
“Da vaidade infinita, que me aterra!
“Os homens podem, mesmo assim de rastros,
“Tentar trazer o paraíso à terra.
“Mas é preciso que haja em todos nós
“Um pouco de renúncia e de modéstia,
“Uma nesga, uma fímbria ou fraca réstia
“De solidariedade em nossa voz.
“É urgente que, da torre de marfim
“Em que vivem os gênios, ora desçam
“À planície e, depois, se compadeçam
“Dos pobres ‘imbecis de triste fim’.
“Cultivemos, senhores, a amizade
“Em suas santas manifestações,
“Sentindo as agonias e aflições
“Das camadas servis da sociedade!
“Por isso eu tenho − espírito de velho
“Que não compreende a vida em solidão –
“Meu particularíssimo Evangelho:
“Amizade é a minha religião”.
Sem Criador e criatura, não pode haver paraíso na Terra. É
essencial, senhores, que estabeleçamos uma boa cumplicidade com Deus − segundo
Aristóteles (384-322 a.C.), o motor silencioso do Universo −, de maneira que
possa baixar a este mundo a nova Jerusalém (Apocalipse, 21:24, 25 e 26),
quando:
“24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da Terra
lhe trarão a sua glória e a sua honra.
“25 As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque
noite ali não haverá.
“26 E lhe trarão a glória e a honra das nações”.
Acreditando no Amor
Certa ocasião, a atriz Luciana Vendramini, ao ser
entrevistada pela revista Veja acerca do que a motivou a produzir e estrelar
uma versão brasileira do musical “Legalmente Loira”, sucesso na Broadway,
revelou o que a atraiu no roteiro. Diz ela: “A peça fala sobre a amizade
verdadeira. Hoje, ninguém mais dá valor a isso. Ninguém mais acredita no Amor”.
Gostei desse enfoque de Luciana, pois os tempos atuais
requerem grande relevância no reascender dos bons sentimentos, próprios da
existência humana que queira sobreviver humanamente.
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Paiva Netto em www.paivanetto.com
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