Numa homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra,
comemorado em 20 de novembro, e à memória do valente Zumbi, apresento trecho de
artigo que preparei para a Folha de S.Paulo em 15 de maio de 1988. Nele,
enfatizo a necessária prática do Ecumenismo entre as mais variadas etnias:
Zumbi deu o brado que nenhum Domingos Jorge Velho poderia
abafar: Liberdade! Dignidade! Somos seres humanos!
Morreu-lhe o corpo. Mas a Alma — quem conseguirá matá-la? —
permanece... e se multiplica nas palavras e atos de um Patrocínio, Joaquim
Serra, Luís Gama, Salvador de Mendonça, André Rebouças, Castro Alves, Joaquim
Nabuco e de tantos outros negros, brancos, mestiços. Se ainda não há democracia
étnica dentro de nossas fronteiras — embora o Brasil seja um povo de etnias mescladas,
para cuja sobrevivência é essencial estar plenamente legitimada e vivida a sua
brilhante mestiçagem —, é porque o espírito de senzala continua grassando.
Contudo, é justamente na natureza miscigenada que consiste a sua força.
Toda a humanidade é mestiça
Em Crônicas e Entrevistas (2000), prossigo defendendo a tese
de que toda a humanidade é, desde os tempos iniciais da monera, uma mescla sem
fim, tornando-se, portanto, sem propósito, qualquer tipo de discriminação,
principalmente, no que diz respeito à cor da pele. A inevitável miscigenação
humana constitui fato de proporções globais. Vários estudiosos afirmam que,
cada vez mais, diminui no mundo o conceito de linhagem pura. Um exemplo dessa
constatação vem dos Estados Unidos, que criaram um item no seu censo para
contemplar os mestiços, que compõem significativa parcela da população
norte-americana.
O Brasil é uma grei globalizante
Volvendo os olhos para o nosso país, repleto de descendentes
de imigrantes e, também, de migrantes esperançosos de que finalmente sejam
integrados no melhor do seu tecido social, confirma-se a evidência de que
possui um dos mais extraordinários povos do orbe, e com características
privilegiadas, em virtude de sua extraordinária miscigenação. Ele é uma grei...
globalizante...
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Paiva Netto em www.paivanetto.com
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