Heráclito de
Éfeso, nascido no sexto século a.C., foi um filósofo pré-socrático grego,
considerado o “pai da dialética” e membro da aristocracia de sua cidade — na
qual, segundo a tradição, morreu João, Evangelista e Profeta, quase centenário.
O pensador helênico assim preconizava: “Tudo flui, nada permanece. Não podemos
entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas não são mais as mesmas e nós
não somos mais os mesmos”.
Realmente, assim
o é, porque as águas do saber não distinguem fronteiras e transformam todos
aqueles que têm coragem de beber de sua fonte. Contudo, quem a ela recorre
jamais poderá prescindir da Ética para que não a torne em antissaber, isto é, o
emprego criminoso da informação e do conhecimento, que ainda tanto se pratica
na Terra.
Teresa Neumann e
os estigmas
Quem
verdadeiramente se dispõe à humildade perante a Sabedoria liberta-se das
limitações da arrogância. Um cientista realmente sábio jamais se negaria à
análise, sem parti pris, isto é, sem ideia preconcebida, de um fenômeno como o
de Teresa Neumann (1898-1962), livre da presunção de tentar, de início, reduzir
o caso a uma questão de histeria. Como ignorar os fatos ocorridos com essa
extraordinária mulher que, até a sua morte em 1962, foi alvo de surpreendentes
manifestações espirituais? Conhecidos como estigmas — cicatrizes que correspondem
às cinco chagas que marcaram o corpo de Jesus após a crucificação —, estes
stigmatas começaram a surgir na Sexta-feira Santa de 5 de março de 1926 e se
repetiam a cada ano na mesma data sagrada.
Teresa Neumann
nasceu em 9 de abril de 1898, em Konnersreuth, Baviera, hoje um dos dezesseis
estados federais da Alemanha. Foi acompanhada por um grupo de cientistas e
pesquisadores, que tentou, de todas as formas, explicar o prodígio. Segundo
alguns relatos, a partir do Natal de 1922, deixou de se alimentar com comida
sólida e, exatamente quatro anos depois, também abandonou os líquidos, se
restringindo apenas a um gole de água por dia, embora mantivesse seus 55
quilos. O dr. Ludovico Kannmüller escreveu no jornal Del Danubio: “A ciência
não pode explicar o jejum da estigmatizada de Konnersreuth”.
Os médicos mais
famosos da época tentaram achar justificativas para o seu jejum, mas se
renderam às evidências do ainda considerado sobrenatural.
Teresa reviveu
centenas de vezes, sob a forma de visão, cenas da caminhada do Calvário à
Crucificação de Jesus, ao passo que presenciou também as inesquecíveis prédicas
do Mestre de Nazaré ao povo humilde e sofredor, além de marcantes
acontecimentos descritos no Novo Testamento.
A escritora
francesa Paulette Leblanc, em artigo, acrescenta: “Durante trinta e cinco anos,
para além das terríveis visões da Paixão de Jesus Cristo, teve a graça de
contemplar a vida de Jesus sobre a Terra, e os Seus milagres. Viu o país onde
Ele viveu, trabalhou e viajou, bem como as pessoas que O cercavam; conheceu os
Seus costumes e ouviu-O falar na sua língua: o aramaico. Viveu cenas da viagem
dos Reis Magos, o massacre dos Inocentes, a fuga para o Egito, a vida em Nazaré
e a maior parte dos episódios da vida pública. Teresa contemplou também numerosas
cenas da vida de Maria após a ressurreição de Seu Filho, nomeadamente em Éfeso,
com S. João, seguidamente em Jerusalém, donde foi elevada ao Céu. Assistiu
ainda à lapidação de Santo Estêvão e foi testemunha da pregação e do martírio
dos Apóstolos e de numerosos Santos”.
Outro fator que
mereceu a atenção de investigadores foi a sua capacidade de falar vários
idiomas durante os transes mediúnicos: sendo uma jovem que fora obrigada a
deixar cedo os estudos, tendo somente concluído a escola obrigatória, de que
maneira dominava com tanta correção o grego, o latim, o francês e, pasmem, o
aramaico? São ocorrências confirmadas pelo professor de filologia semítica
Johannes Bauer, pelo orientalista e papirólogo vienense prof. dr. Wessely e
pelo arcebispo católico de Ernakulam na Índia, dr. Joseph Parecatill. Os três
concordavam que Teresa se exprimia na língua falada na Palestina ao tempo do
Cristo.
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