Dentre tantos casos que ilustram a necessidade de o espírito
solidário reger a economia nas civilizações, é oportuno ressaltar o brilhante
trabalho da dra. Elinor Ostrom (1933-2012), única mulher até hoje a receber o
Prêmio Nobel de Economia. Ela e Oliver Williamson foram laureados em 2009,
ambos por pesquisas na área de governança econômica.
A saudosa professora da Universidade de Indiana, EUA, teve
de vencer os preconceitos acadêmicos contra a mulher para se graduar em Ciência
Política. De origem humilde, interessou-se por estudar a organização de
comunidades e a gestão que fazem dos recursos comuns, a exemplo das áreas
florestais e de pesca. Ela acreditava que as pessoas, por si sós, alcançariam
formas racionais de sobreviver e de conviver bem. Seria possível estabelecer
laços de confiança entre os indivíduos e desenvolver regras, respeitando as
particularidades dos sistemas ecológicos, a fim de que houvesse cuidado e
proveito coletivos dos bens disponíveis. Isso foi de encontro à teoria
econômica em vigor, chamada “tragédia dos comuns”, baseada numa visão de que o
ser humano, agindo apenas de forma egoísta, levaria à ruína os recursos
naturais.
E as extensas pesquisas de campo que ela realizou nas
florestas do Nepal, nos sistemas de irrigação da Espanha, nas vilas montanhosas
da Suíça e do Japão, nas áreas de pesca da Indonésia, entre outros locais,
confirmaram sua hipótese de que é possível haver convivência harmoniosa e uso
responsável das condições que a Natureza oferece. Verificou-se que não se
poderiam reduzir as pessoas à ganância de tão somente buscar o máximo de ganhos
individuais. Porquanto, deve-se compreender que a vida é composta de propósitos
mais amplos e que a ajuda mútua se apresenta como item de necessidade básica da
Alma humana. Em artigo científico, de junho de 2010*, a dra. Ostrom concluiu:
— Por quase todo o século passado, analistas de políticas
públicas têm postulado que o grande objetivo dos governos é projetar
instituições para forçar (ou empurrar) indivíduos completamente egoístas a alcançar
melhores resultados. Extensa pesquisa empírica me leva a argumentar que, pelo
contrário, o principal objetivo das políticas públicas deve ser facilitar o
desenvolvimento de instituições que despertem o que há de melhor nos seres
humanos. Precisamos nos perguntar como instituições policêntricas variadas
ajudam ou impedem inovação, aprendizado, adaptação, integridade de caráter,
níveis de cooperação dos participantes, bem como a conquista de resultados mais
efetivos, equitativos e sustentáveis, em escalas múltiplas. (O destaque é meu.)
Nada melhor do que acreditar e investir no potencial divino
dos indivíduos. Não nos cansamos de afirmar: nascemos na Terra para viver em
sociedade, Sociedade Solidária Altruística Ecumênica; portanto, fraternalmente
sustentável.
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Paiva Netto em www.paivanetto.com
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* OSTROM, Elinor. “Beyond
Markets and States: Polycentric Governance of Complex Economic Systems”, em
American Economic Review, 100, junho de 2010, p. 24.
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